Uma das áreas da exegese que mais me fascina é o estudo de vocábulos. Sou fascinado por investigar a origem e os usos de termos teológicos específicos. Parte desse fascínio pode ser vista nos muitos posts em que tratei de vocábulos específicos do Novo Testamento com importantes implicações teológicas. A bem da verdade, essa é a parte da exegese em que mais gosto de investir tempo.
Por essa razão, neste post, gostaria de ajudá-los a identificar ferramentas úteis para o estudo de vocábulos e a aproveitar cada um desses recursos. Entretanto, como há muitos livros que poderiam ser utilizados nesse contexto, dividirei a apresentação desse material em duas partes: (1) Neste post, pretendo focar exclusivamente nos léxicos gregos que você deveria conhecer e usar; (2) no próximo post, focarei nos dicionários teológicos e como eles podem contribuir para seu aprofundamento no estudo de vocábulos.
Mas, antes de fazer isso, preciso fazer dois excursos que julgo necessário aqui:1
Apresentar os principais tipos de ferramentas: no post anterior apresentei a diferença entre os principais ferramentas necessárias para um estudo de vocábulo;
História do Grego: neste post apresento uma breve história do idioma grego, demonstrando as principais divisões histórias da língua, bem como importantes marcadores de cada período. Essa apresentação cronológica tem função didática e pretende oferecer aos meus alunos uma visão macro do desenvolvimento da língua grega, o que é fundamental para se situar adequadamente um bom estudo de vocábulo.
Listar Léxicos: no próximo post, pretendo apresentar os principais léxicos que uso nos meus estudos de vocábulos. Essa lista fará sentido apenas se o aluno já tiver uma boa visão dos tipos de ferramentas utilizadas e uma visão geral da história d língua grega.
A intenção com esses excursos é auxiliar meus alunos a ganhar uma visão mais abrangente da história da língua grega e de como as ferramentas adequadas nos ajudam a compreendê-la. Afinal, sem uma boa visão dessa história, o estudo de vocábulo não faz muito sentido.
II. Uma Breve História da Língua Grega
Para se compreender adequadamente a proposta de um estudo de vocábulo, o estudante precisa conhecer, pelo menos em linhas gerais, a história do idioma grego, que é “a mais antiga língua continuamente falada e escrita da Europa. Sua documentação escrita verificável nos leva até o século XV aC. (tábuas do linear B), enquanto sua forma falada atinge mais de 2.000 aC., talvez mais próximo de 3.000 aC.”2
Por isso, proponho aqui uma breve linha do tempo com os principais períodos desse idioma para auxiliar meus alunos a situarem autores frequentemente citados nos léxicos. Com essa linha do tempo, o aluno pode compreender a dimensão histórica dos estudos etimológicos e léxicográficos necessários para um bom estudo de vocábulo.
O grego do Novo Testamento, como uma expressão do Grego Koinê no primeiro século AD, é em certo sentido a imagem de um objeto em movimento. A língua está em um estado de fluxo, movendo em direção a expressões mais explícitas e construções sintáticas mais simples, como seria esperado em uma língua franca.3