Reflexão
O Salmo 116 é um hino que celebra a Yahweh, o Deus de Israel, como aquele que pode trazer a vida aquele que já morreu. O nome de Yahweh é mencionado quinze vezes neste salmo, destacando a importância do relacionamento entre Deus e o salmista.
O salmista inicia uma declaração de amor por Yahweh, reconhecendo que Ele é o único Deus que realmente ouve os clamores dos que o invocam (116:1-2). O salmo é uma expressão de gratidão por ter sido libertado da morte e poder caminhar na terra dos vivos (116:8-9) e permanecer em Jerusalém (116:19).
No decorrer do Salmo 116, o salmista relata sua experiência de angústia, onde se sentiu confrontado com as cordas da morte e angústias do Sheol (116:3). No entanto, ele invoca o nome de Yahweh e se dirige diretamente ao Senhor pedindo ajuda antes de refletir sobre o caráter de Deus em termos reminiscentes de Êxodo 34:6–7 (Sl 116:4–5).
A importância do Salmo 116 não está apenas em sua mensagem de ressurreição, mas também na relação entre o salmista e Yahweh. O salmo é um exemplo de como a fé pode ajudar a superar os momentos de angústia e como a gratidão por uma experiência pessoal pode ser expressa de maneira poética e profunda.
Embora o Salmo 116 tenha sido composto originalmente para ser utilizado por um indivíduo em uma ação de graças, ele adquiriu um papel litúrgico e em duas ocasiões na tradição religiosa. Note que o texto do salmo exigia uma ocasião em que um cálice e um sacrifício figurassem osrituais da celebração.
O primeiro evento da tradição era a celebração da Páscoa. Ele é o quarto Salmo na sequência de salmos conhecida como Hallel egípcio, que era lido durante a refeição da Páscoa. De acordo com a Mishná (Pesachim 10:1–9), que descreve a forma como a refeição era realizada, quatro taças eram erguidas e abençoadas em seu andamento. Os Salmos 115-118 eram recitados em conexão com o quarto cálice, que fornecia uma referência ritual para “o cálice da salvação”. A recitação dos salmos era iniciada por uma ação de graças ao SENHOR, que “nos trouxe da escravidão para a liberdade, da tristeza para a alegria, e do luto para um dia de festa, e das trevas para a grande luz, e da servidão para a redenção” (Pessachim 10:5). Desta forma, a linguagem do Salmo 116 se torna uma ação de graças pela salvação celebrada na Páscoa. O salmo se torna a ação de graças de cada participante da Páscoa, reconhecendo que cada um foi liberto na salvação do Êxodo.
O segundo evento da tradição foi a a Ceia do Senhor, onde o Salmo 116 passou a ser utilizado na celebração da eucaristia, especialmente durante a Comunhão observada na Quinta-feira Santa. O cálice da Comunhão era chamado de “o cálice da bênção”, uma expressão associada ao cálice da Páscoa na tradição judaica. Pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, a Páscoa foi transformada em eucaristia, e o Salmo 116 foi relido como ação de graças pela promessa de vida dada na salvação de Jesus da morte. Na liturgia cristã, o Salmo 116 tornou-se a voz de Jesus e da congregação, um provendo o cálice e o sacrifício, o outro unido por eles a ele em sua morte e ressurreição.
Oração
“Deus Todo-Poderoso, hoje nos unimos em oração com as palavras do salmista em nossos lábios e em nossos corações.
Com gratidão, nós Te louvamos por Tua bondade e misericórdia que nos livra da morte e nos conduz à vida eterna. Tu és o Deus que ouve nossos clamores e responde às nossas orações.
Pedimos que nos ajudes a permanecer fiéis a Ti e a confiar em Tua promessa de salvação. Que o Teu Espírito nos guie em cada passo da nossa caminhada, e que a Tua presença nos dê paz e consolo em tempos de dificuldades.
Que possamos ser testemunhas do Teu amor e bondade para com aqueles que estão ao nosso redor, e que a nossa vida seja um reflexo da Tua glória.
Que o Tua palavra seja uma inspiração constante em nossas vidas, nos lembrando sempre do Teu grande amor e cuidado por nós. Em nome de Jesus, amém.”