Anjos Tomam Banho? Uma Interpolação no Texto do Novo Testamento
Unus Mundus, 2023
Tudo o que sabemos a respeito do passado chega até nós por intermédio de livros que foram escritos, copiados e recopiados durante séculos. A prática da cópia manuscrita de documentos era a forma mais apropriada para realizar a manutenção da história e das antigas tradições, afinal, não existiam processadores de texto, máquinas de xerox, impressoras, mimeógrafos, máquinas de escrever ou qualquer outro dispositivo de cópia mecânica. E como acontece com todos os processos manuais, a transmissão de documentos antigos ao longo da história sofreu direta influência do inimigo mais imponente do processo de cópias manuais: os copistas. A principal fragilidade do processo histórico de cópias manuscritas eram as pessoas responsáveis por elas.
É por isso que o texto de todos os livros antigos precisam passar por um rigoroso processo de investigação histórica para entender como chegaram até nós. Considere um dos mais importantes livros do período arcaico da literatura grega, a Ilíada de Homero. Embora o texto reflita o contexto histórico do século 12 a.C., na parte final do período micênico, a organização desse material atribuído a Homero só pode ser datada em algum momento no século 8 a.C. Além disso, as primeiras evidências manuscritas dessa obra são todas fragmentárias e pertencem ao século 3 a.C. É somente no período medieval que encontramos cópias completas do seu texto, como o Códice Venetus do século 10 d.C. Para deixar as coisas ainda mais interessantes, no período medieval as obras gregas passaram por um processo de revisão e ganharam uma série de adições explicativas, conhecidas como interpolações. Infelizmente, essas intervenções feitas pelos escribas acabaram por transformar o texto recebido em uma composição relativamente nova.
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